Em 2001, O'Neill criou o termo Bric, ao identificar os países que seriam as potências econômicas do futuro. Agora, ele afirma que para manter esse status o Brasil precisa melhorar sua taxa média de crescimento. "O que acontecerá em 2012, em termos de crescimento do PIB, não é tão crucial. Mas nesta década o Brasil precisa recuperar uma taxa de crescimento mais forte rapidamente. Se isso não acontecer, então o poder do B no termo Bric começaria a parecer um pouco questionável", afirmou.
Mas, apesar da desaceleração da economia brasileira, o executivo ainda espera que o PIB do País cresça entre 4,5% e 5% ao ano nesta década, na média. Após uma expansão de 7,5% em 2010, o Brasil teve um tímido crescimento de 2,7% no ano passado. E desde então a economia brasileira só tem desacelerado. A maioria dos economistas projeta um crescimento de cerca de 2% em 2012, mesmo com os esforços do governo para impulsionar a atividade econômica e a queda na taxa básica de juros para mínimas históricas.
Para O'Neill, as expectativas para a economia brasileira podem ter se tornado irrealistas, o que torna mais fácil uma decepção com o País. "As pessoas parecem esquecer que, em boa parte dos últimos dez anos, o Brasil cresceu apenas cerca de 3,5% ao ano, na média. Os anos realmente fortes podem ter dado às pessoas uma falsa crença", comentou.
As expectativas exteriores com o Brasil foram um dos fatores que atraíram investidores estrangeiros ao País nos últimos anos. Isso contribuiu para uma apreciação do câmbio, que deixou o real "forte demais", segundo O'Neill. Embora reconheça que é perigoso deduzir que todos os problemas do Brasil foram causados pelo câmbio, o executivo defendeu as intervenções do governo. "Eu acredito que as medidas que eles têm tomado com o real são bem-vindas. O câmbio ainda pode flutuar. As autoridades simplesmente tornaram a compra menos atrativa", afirmou.
Olhando para o futuro, O'Neill acredita que o Brasil deveria lidar com assuntos complicados relacionados com a competitividade doméstica e a produtividade, "o que requer reformas no lado da oferta e, provavelmente, menos intervenção do governo".
O Brasil tem uma nota 5,4 (a escala vai de zero a dez) na pontuação de Ambiente de Crescimento do Goldman Sachs. O banco analisa a produtividade e a sustentabilidade no crescimento de 180 países. A nota brasileira está no mesmo nível da China, e acima de Índia e Rússia.
Por Álvaro Campos/Agência Estado
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