Bolsa de Valores

ALLL11 +0.67%AMBV4 0.51%BTOW3 3.09%BVMF3 0.2%BBDC4 0.56%BRAP4 0.83%BBAS3 0.31%BRTO4 0.95%BRKM5 0.09%BRFS3 0.56%CCRO3 0.06%CMIG4 0.31%CESP6 0.4%CPLE6 0.65%CSAN3 0.38%CPFE3 0.32%CYRE3 -0.73%DTEX3 -0.31%ELET3 0.82%ELET6 1.94%ELPL6 -0.13%EMBR3 0.22%FIBR3 1.21%GFSA3 1.12%GGBR4 0.42%GOAU4 0.43%GOLL4 1.96%ITSA4 0.35%ITUB4 0.41%JBSS3 1.05%KLBN4 -1.49%LIGT3 0.42%LLXL3 -0.45%LAME4 0.93%LREN3 0.69%MMXM3 -0.16%MRVE3 -0.72%NATU3 0.41%NETC4 -1.05%OGXP3 -1.6%PCAR5 +2.72%PDGR3 0.92%PETR3 0.73%PETR4 0.71%RDCD3 0.19%RSID3 -2%SBSP3 -0.58%CSNA3 0%CRUZ3 -0.19%TAMM4 6.72%TNLP3 4%TNLP4 0.05%TMAR5 -1.69%TLPP4 -2.21%TCSL3 +0.43%TCSL4 +0.13%TRPL4 -0.71%UGPA4 -0.71%USIM3 0.33%USIM5 -0.76%VALE3 0.66%VALE5 0.76%VIVO4 -0.21%
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Amsterda AEX -0.02%All Ordinary Index 0.17%AMEX 0.84%DAX 0.23%FTSE 100 0.15%IBEX35 0.23%Kospi Composite -0.66%MERVAL 0.00%NASDAQ 0.36%NIKKEI -1.02%Paris CAC 40 -0.03%PSI20 -0.88%Shanghai SE -0.66%Dow Jones Ind Avg 0.37%
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quarta-feira, 11 de abril de 2012

Audi deve anunciar aquisição da Ducati na próxima semana


Segundo fontes próximas do assunto, a Audi não encontrou grandes impedimentos ao avaliar as finanças da fabricante italiana de motocicletas

Ducati
Modelo da Ducati: a confirmação do negócio daria mais força à rivalidade de longa data entre a Audi e a BMW no segmento de moticicletas
Frankfurt e Milão - A Audi planeja anunciar a compra da Ducati na próxima semana, após concluir o processo de análise dos números e ativos (due diligence) da fabricante italiana de motocicletas, duas fontes próximas ao assunto afirmaram nesta quarta-feira. A unidade da Volkswagen não encontrou grandes impedimentos ao avaliar as finanças da Ducati, conforme as fontes. A aquisição pode ser anunciada já em 18 de abril, um dia antes da reunião anual de acionistas da montadora alemã. Uma das fontes disse que o controlador da Ducati, o grupo italiano de private equity Investindustrial, concordou em negociar com a Audi de forma exclusiva. Volkswagen, Audi e Investindustrial não comentaram o assunto.
A confirmação do negócio daria mais força à rivalidade de longa data entre a Audi e a BMW no segmento de moticicletas. A Audi havia tentado adquirir a Ducati do Texas Pacific Group em 2005, mas foi derrotada pela Investindustrial, segundo o jornal Corriere della Sera.
Arno Schuetze e Massimo Gaia, da 

O novo lance dos bancos


Consórcios são a aposta do sistema bancário para driblar o aumento da inadimplência sem parar de financiar o consumo.

Por Fernando TEIXEIRA
O crédito vem crescendo aceleradamente no Brasil. O total de empréstimos concedidos pelos bancos está em 48% do Produto Interno Bruto (PIB) e deverá chegar aos 50% ainda neste ano. Esse crescimento, porém, tem um efeito colateral, o avanço da inadimplência. Para contornar o problema sem perder o embalo no financiamento ao consumo, os bancos estão apostando no consórcio. Em 2011, essa modalidade de compra coletiva movimentou R$ 76,4 bilhões, um crescimento de 20% em relação a 2010. Neste ano, os prognósticos do setor são de um crescimento de dois dígitos. O volume total ainda está longe dos R$ 2 trilhões em empréstimos concedidos pelo setor financeiro, mas a expectativa dos bancos é de que essa modalidade de financiamento cresça de maneira acelerada. 
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“Vamos estimular os consórcios para barrar o crescimento da inadimplência”, diz Alexandre Luís dos Santos, gerente-executivo da BB Consórcios. Os números do calote nos empréstimos justificam a diversificação da estratégia. Pelos dados mais recentes, a inadimplência no crédito às pessoas físicas chegou a 7,6% da carteira em janeiro, o maior patamar desde dezembro de 2009. Já a parcela de consorciados que deixa de cumprir suas obrigações é de 5,6% em média. Nas instituições financeiras que exploram essa atividade, esse percentual é menor ainda: 1,2% no Banco do Brasil, 1,4% no Bradesco e 2% no Rodobens Consórcio. 
 
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A pontualidade dos consorciados na hora de pagar as contas vem estimulando os bancos a lançar novos produtos, voltados para clientes mais abonados. O Bradesco, por exemplo, está oferecendo um consórcio de veículos que vai além dos modelos populares e permite a aquisição de carros mais caros, acima de R$ 65 mil. “O desemprego em queda e a economia estável, que permitem planejar melhor o futuro, vêm estimulando clientes de renda mais alta a considerar o consórcio como uma alternativa na hora de comprar um bem”, diz Fernando Tenório, diretor da Bradesco Consórcios. Em 2011, o banco faturou R$ 8 bilhões com os lances e a meta é praticamente dobrar essa cifra neste ano.  
“O consórcio cresceu tanto nos últimos três anos que não pode ficar fora da nossa lista de produtos.” A animação vai além dos automóveis. O consórcio imobiliário também vem exibindo números vistosos. No ano passado, a carteira cresceu 12% e os prognósticos para 2012 são ainda melhores. Santos, do BB, afirma que o banco também está mirando nos clientes de renda mais alta. “O mercado está tão pujante que elevamos o teto do consórcio imobiliário de R$ 300 mil para R$ 700 mil,” diz. No ano passado, a carteira total de consórcios do banco estatal cresceu 70%. Para acelerar esse desempenho, o BB investiu em seus sistemas para permitir que o cliente compre uma cota diretamente no terminal de atendimento, sem precisar consultar um gerente. 
 
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Fernando Tenório, Bradesco Consórcios: "Clientes de alta renda
já consideram o consórcio uma alternativa" 
 
O Itaú realizou um movimento semelhante no segmento imobiliário. “Os clientes querem adquirir imóveis de maior valor por meio desse produto”, diz Luis Matias, vice-presidente de consórcios do Itaú. Para sustentar esse crescimento sem serem atormentados pelo espectro da inadimplência, os bancos vêm tomando algumas precauções. “Mapeamos a situação financeira do cliente, avaliamos a região em que ele mora e o valor médio dos bens que pode comprar”, diz Santos, do BB. O banco também vem buscando fechar parcerias com revendedores de automóveis, para que esses recomendem o consórcio na hora de vender um carro. Os bancos não são os únicos a comemorar a boa fase dos consórcios.  
“Os clientes da classe C já estão se planejando e começando a participar desse universo”, diz Ronald Macedo Torres, diretor da Rodobens Consórcio. O grupo, que começou distribuindo veículos, espera crescer 10,5% em 2012 e fechar o ano administrando R$ 3,4 bilhões. “Alcançaremos a meta, a julgar pelos números de janeiro”, diz Torres. Para isso, a companhia vai assumir mais riscos e passar a atuar no mercado de carros usados, de olho nos clientes da classe C. Em geral, afirma o executivo, esses clientes possuem veículos com valores entre R$ 15 mil e R$ 22 mil e querem trocá-los  por modelos mais novos. “Nossa meta é que os proprietários de veículos usados troquem de carro de maneira planejada, em vez de contrair dívidas”, diz Torres.

O drama de Abilio


A três meses de deixar o comando do Pão de Açúcar, o empresário ainda busca, insistentemente, uma saída para não ser carta fora do baralho no varejo brasileiro.

Por Ralphe MANZONI Jr. e Tatiana BAUTZER
O empresário francês Jean-Charles Naouri, CEO da rede varejista Casino, tem pressa. Com dois meses de antecedência, ele notificou, na quarta-feira 21, Abilio Diniz, seu sócio no grupo Pão de Açúcar (GPA), que vai exercer a opção de comprar uma ação do brasileiro por R$ 1, em 22 de junho. Dessa forma, terá maioria na Wilkes, holding que controla a GPA, maior rede de varejo do Brasil, com vendas brutas totais de R$ 52,6 bilhões em 2011. O rito era esperado pelo mercado, mas a urgência do comunicado, que podia ter sido feito até 22 de maio, surpreendeu a todos. “Tal decisão demonstra mais uma vez o compromisso de longo prazo do Casino com o Brasil e a sua plena confiança no futuro brilhante do GPA e em seu extraordinário time de executivos”, diz o texto, enviado a Diniz.
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Data fatídica: em 22 de junho, o Casino assume o controle do Pão de Açúcar. Mas Abilio Diniz
ainda não jogou a toalha.
 
A iminência da transferência do controle, ao que tudo indica, não significa que Diniz venha a jogar a toalha e desistir de lutar para não ser carta fora do baralho no varejo brasileiro. Desde que anunciou o seu projeto de fusão com  o Carrefour, o arquirrival francês do Casino,  no final do primeiro semestre do ano passado, ele busca, insistentemente, uma saída para não chegar ao fatídico dia 22 de junho de mãos abanando. Muitas propostas estão na mesa, de acordo com diversas fontes ouvidas por DINHEIRO. As negociações estão sendo conduzidas por Pérsio de Souza, da butique de investimentos Estáter, pelo lado de Diniz, e por Ricardo Lacerda, do banco de investimentos BR Partners, que defende os interesses de Naouri.  
As reuniões acontecem, geralmente, a cada 15 dias. “O acordo não precisa ser fechado até o dia 22”, diz uma fonte próxima a Diniz. Lacerda tem dito a Diniz e a seus assessores que o interesse do Casino não é fazer grandes mudanças na administração do Pão de Açúcar. “A gestão é eficiente e o planejamento reflete a visão estratégica do Casino para a empresa brasileira”, diz uma fonte ligada a Naouri. O maior interesse do grupo francês seria consolidar a operação do Pão de Açúcar em seu balanço, para melhorar os indicadores financeiros. Desconfiado, Diniz exige uma espécie de “acordo de separação” para o caso de a rede francesa não cumprir o seu compromisso. Na semana passada, a divulgação de uma lista de nomes para suceder a Eneas Pestana, homem de confiança de Diniz, na presidência do Pão de Açúcar, considerada apócrifa pela assessoria do Casino, não colaborou para apaziguar os ânimos. 
 
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Quase lá: Naouri já avisou a Diniz que vai assumir o controle
do Pão de Açúcar em junho.
 
“Não haverá substituição do Eneas, que é bem avaliado pelos franceses”, diz outra fonte ligada ao Casino. Até agora, Diniz fez algumas propostas que foram rejeitadas por Naouri. A primeira delas seria ficar com as lojas que estão instaladas em imóveis de sua propriedade. A segunda foi assumir a rede de hipermercados Extra, alegando que o Casino poderia abrir mão do negócio, já que considera o modelo de grandes lojas decadente. A terceira alternativa, que Diniz ainda tenta emplacar, seria incorporar a  ViaVarejo (ex-Globex), a subsidiária de eletroeletrônicos que consolidou as operações da Casas Bahia.O desenho proposto por Diniz, segundo uma pessoa que acompanha de perto o assunto, seria a separação da ViaVarejo do GPA.  
Diniz, então, trocaria suas ações no Pão de Açúcar pelas da ViaVarejo. “É uma solução difícil”, diz outra fonte ligada a Diniz. Um grande complicador para essa alternativa seria o próprio compromisso assumido por Naouri com seus acionistas, quando defendeu a compra da Casas Bahia, em dezembro de 2009, como uma boa aposta, no longo prazo, no Brasil. Também seria difícil justificar por que o grupo francês abriria mão da cláusula de não competição assinada por Diniz no acordo de acionistas de 2005. “Naouri não iria jogar sua carreira fora só para não ter o Abilio por perto”, diz uma fonte. A última proposta, e menos desejada pelo empresário brasileiro, seria um acerto em dinheiro pela sua participação. A negociação que envolve a ViaVarejo sofre também forte resistência da família Klein, que já passou pela experiência de renegociar os termos da fusão da Casas Bahia com o Pão de Açúcar alguns meses depois de fechar o negócio.  
Michel Klein, presidente do conselho da ViaVarejo, se encontrou pelo menos duas vezes com Naouri, em Paris, segundo fonte de sua intimidade. Nesses encontros, Klein manifestou seu propósito de continuar no negócio e discutiu com o executivo francês as intenções do Casino para as operações no Brasil. Até as calçadas da avenida Champs-Élysées  sabem que não são nada amistosas as relações entre os Klein e Diniz. “Elas são societárias e profissionais”, diz a mesma fonte próxima a Klein. Em tese, a família Klein, como minoritária, com 47% das ações da ViaVarejo, tem pouco poder de fogo para impedir a negociação. Mas pode complicá-la, questionando, por exemplo, o valor atribuído à empresa numa eventual troca de ações. “ Os Klein  dificilmente deixarão o negócio”, diz a fonte. 
 
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Um pepino de US$ 40 bilhões


A HP não sabia o que fazer com sua divisão de PCs. Mas a nova CEO tem a solução: uni-la com a área de impressoras.

Por Rodrigo CAETANO
O que fazer com o negócio de computadores pessoais, responsável por uma receita anual de US$ 40 bilhões? Essa é a pergunta que a HP, maior empresa de tecnologia dos Estados Unidos com faturamento de US$ 127 bilhões, busca responder desde agosto do ano passado. Na ocasião, o então CEO da companhia, o executivo alemão Leo Apotheker, anunciou planos de separar a divisão de PCs do restante da empresa. O episódio serviu para levantar dúvidas no mercado sobre os rumos da HP, além de culminar na demissão de Apotheker, dez meses depois de assumir o posto. Sua sucessora, Meg Whitman, prometeu não abandonar o setor de PCs, o que acalmou os ânimos dos investidores. Na quarta-feira 21, Meg forneceu mais informações sobre seus planos. 
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Meg Whitman: após anunciar a mudança organizacional na companhia, a CEO
viu as ações da HP cair 2,7% .
 
A executiva anunciou a união da divisão de computadores com o segmento de impressoras, criando uma nova área focada em produtos de consumo. “O resultado disso será uma empresa mais ágil e pronta para capitalizar as rápidas mudanças na indústria”, afirmou Meg em comunicado. A nova divisão deve concentrar receitas de mais de US$ 65 bilhões. O comando ficará sob a responsabilidade de Todd Bradley, que dirigia a área de computadores e foi presidente da Palm, fabricante de computadores de mão, comprada pela HP, em 2010, por US$ 1,2 bilhão. A decisão mostra que a atual CEO está adotando uma estratégia completamente oposta à de seu antecessor. Mas nem assim o mercado deu trégua para a empresa. No dia do anúncio, as ações caíram 2,17%, para US$ 23,46.

"Fazer poupança é ser roubado"


O ex-ministro da Fazenda Delfim Netto defende a mudança no cálculo da rentabilidade da poupança de modo a abrir caminho para a redução de juros.

Por Carla JIMENEZ
O ex-ministro da Fazenda Delfim Netto defende a mudança no cálculo da rentabilidade da poupança de modo a abrir caminho para a redução de juros. Isso porque a tradicional caderneta tem um piso de rendimento, de 6% ao ano mais TR, o que limita a ação do governo de manter a rota descendente da taxa Selic. Delfim não tem caderneta, ‘porque fazer poupança é ser roubado’.
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DINHEIRO - Por que e como precisamos mudar a rentabilidade na poupança no Brasil?
Delfim Netto - Temos a impressão de que a caderneta de poupança é um grande benefício, pois ela é um investimento líquido e seguro e porque essa reserva pode atender a qualquer emergência do poupador. Mas a mesma pessoa que tem R$ 1 mil aplicados, com rendimento de 6% ao ano, também acumula dívidas, por exemplo, de R$ 2 mil. No final do ano, ele estará recebendo como retorno da poupança R$ 60, mas estará pagando um juro de 40% sobre essa dívida de R$ 2 mil, ou seja, R$ 800.
 
DINHEIRO - E com juro menor não se reduz o rendimento da poupança...
Delfim Netto - Não se trata de reduzir rendimento da poupança, é chegar a uma estrutura mais decente que beneficie ao poupador que é o depositante, e à sociedade. Neste momento não se pode baixar a 5,5% real, por causa do piso da poupança.
 
DINHEIRO - Por que esse problema é difícil?
Delfim Netto - Porque as pessoas calculam mal. As pessoas têm na cabeça o confisco da poupança, em 1990, pelo governo Collor. Mas é preciso explicar a esse sujeito que ele está sendo roubado. O governo quer que o poupador seja menos roubado, e ao mesmo tempo está aplicando a politica econômica mais adequada.
 
DINHEIRO - O senhor está de acordo com a política do governo?
Delfim Netto - Absolutamente de acordo. É uma lenda urbana essa coisa de achar que se mexer na poupança as pessoas entrarão em desespero.

DINHEIRO - Estamos chegando ao Brasil do juro baixo?
Delfim Netto - Vamos ter que conseguir, o Brasil não pode continuar sendo o último peru com farofa disponível no mercado internacional, fora do dia de ação de Graças. O Brasil não pode continuar nesse papel. Precisamos convencer a sociedade de que este é um passo necessário para ter a taxa de juro real parecida com a do mundo para evitar a arbitragem e a super valorização do real. É um mecanismo para defender a indústria, o emprego.
 
DINHEIRO - Não existem aplicações seguras, líquida e rentáveis ao mesmo tempo? Vamos aprender a arriscar no mercado acionário?
Delfim Netto - Quem tem pequenos investimentos, quem tem R$ 100 mil, não está na caderneta de poupança. Essa pessoa já investe em CDB. A poupança continuará a ser a mais segura e líquida o que não pode ter é ficar nesse piso de 6%, pois se o juro cair mais do que isso, todo mundo iria para a poupança.
 
DINHEIRO - Os bancos já estão preparados para reduzir spreads?
Delfim Netto - Os bancos terão de se preparar para isso. Os bancos brasileiros são eficientes, seguros, e não serão afetados. Na verdade, eles terão de reduzir spread, e aí o governo tem de reduzir tributação, depósito compulsório, ou seja, fazer a parte dele. Isto não é uma coisa isolada, é um processo.
 
DINHEIRO - Estamos no meio de um processo..este círculo virtuoso da economia então vai continuar?
Delfim Netto - Sim, não há nenhuma razão para ele ser interrompido. É preciso entender o que está acontecendo. Mas é preciso convencer a sociedade, e no fim, tem que fazer o que é melhor para a sociedade.
 
DINHEIRO - O senhor aplica em poupança?
Delfim Netto - Não, fazer poupança é ser roubado.

Balanço parado na pista


Pela terceira vez neste ano, a Gol Linhas Aéreas, presidida por Constantino Júnior, adiou o anúncio dos resultados do quarto trimestre de 2011.

Por Cláudio GRADILONE
Papéis avulsos
 
Pela terceira vez neste ano, a Gol Linhas Aéreas, presidida por Constantino Júnior, adiou o anúncio dos resultados do quarto trimestre de 2011. Inicialmente, a divulgação estava marcada para o dia 8 de março, mas foi adiada para a segunda-feira 19, e não ocorreu. Agora, a nova data escolhida foi segunda 26. “O fato de adiar o anúncio gera especulação”, diz Marco Barbosa, analista-chefe da corretora paulista Coinvalores. A companhia aérea também passa por um período de reestruturação interna e enxugamento do quadro de funcionários. Para isto, ofereceu o programa de licença não remunerada aos pilotos e comissários, que finalizou no dia 16 de março. Segundo a empresa, a medida atendeu parcialmente às expectativas. “A oferta de acento foi acima da demanda em 2011. Para compensar o exagero, a empresa não quer crescer neste ano, por isso ofereceu o programa aos funcionários”, diz Barbosa. 
 
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Os planos da Amazon para o Brasil


Por que o bilionário setor de livros nacional está em polvorosa com a chegada da maior empresa de comércio eletrônico do mundo e seu leitor digital Kindle ao país.

Por João VARELLA
Assista à entrevista com o repórter João Varella

O empresário americano Jeff Bezos, fundador da gigante do comércio eletrônico Amazon, sonha em fincar bandeira em dois locais inexplorados até aqui por suas empresas. “Quero ir à Lua. E ao Brasil”, tem dito ele aos interlocutores próximos. Se não chega a ser um mantra, essa é uma frase que ele tem repetido com frequência nos corredores do quartel-general da companhia, na chuvosa e fria Seattle, nos Estados Unidos. A primeira ambição ainda está longe de ser realizada, apesar de Bezos ter criado há 12 anos a Blue Origin, companhia que tem o apoio da Nasa e pretende oferecer viagens turísticas espaciais. O segundo desejo de Bezos, no entanto, está perto de acontecer. No segundo semestre de 2012, a Amazon desembarca no Brasil. 
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Jeff Bezos, CEO da Amazon: "Quero ir à lua. E ao Brasil"
 
O Dia D do desembarque da Amazon por aqui, segundo fontes ouvidas pela DINHEIRO, ainda não foi definido. Ela chegará para disputar o comércio eletrônico, que movimentou R$ 20 bilhões em 2011 e deve dobrar de tamanho nos próximos quatro anos. O primeiro alvo de Bezos é o setor de livros, que vendeu cerca de R$ 4,5 bilhões em 2010. Mais adiante, o plano da Amazon é  investir, paulatinamente, no Brasil, em todos os outros 131 segmentos em que atua nos Estados Unidos. Ou seja, nada será como antes após a entrada da Amazon – um colosso que faturou US$ 48 bilhões no ano passado – no promissor setor de comércio eletrônico brasileiro. O escolhido para orientar os primeiros passos da Amazon no País é o engenheiro eletrônico Mauro Widman, 42 anos. 
 
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O construtor: a Amazon tirou Mauro Widman da Livraria Cultura para iniciar sua operação no País.
 
Contratado em dezembro por Bezos, Widman começou como técnico de informática na Livraria Cultura, na capital paulista, nos anos 1990. Nos últimos tempos, foi responsável por montar o sistema de vendas de livros digitais (e-books) da rede fundada pelo empresário Pedro Herz. O convite da Amazon foi, obviamente, irrecusável. “Disse ao Mauro que, se estivesse em seu lugar, aceitaria a proposta”, afirma Fábio Herz, sócio-diretor da empresa e filho de Pedro. Segundo um amigo comum, eles mantêm um bom relacionamento. Mas, desde que assumiu o comando da Amazon no Brasil, Widman passou a seguir o estilo de poucas palavras dos funcionários da companhia americana. “Ele mal fala com a família sobre o novo emprego desde que foi aos Estados Unidos receber treinamento para ocupar o cargo”, afirma seu pai, o médico Azzo Widman.  
O silêncio do executivo se justifica por dois motivos. A Amazon, assim com a Apple, é reconhecida como uma empresa fechada, nas quais os segredos são ciosamente guardados. Tanto que, ao ser contratado, a primeira recomendação que um funcionário recebe é agir com discrição. A segunda razão é que não tem sido fácil a negociação com as editoras brasileiras. A meta de Widman era estrear o site da Amazon no Brasil em abril deste ano, com acordos assinados com 100 editoras. Até agora, fechou com apenas 10 selos – sendo apenas um deles de uma grande editora. O entrave para a rápida entrada responde pelo nome de Livraria Saraiva. Segundo fontes ouvidas pela DINHEIRO, a empresa, dona da maior rede de livrarias do País, com 102 pontos de venda, estaria usando seu poder de barganha junto às editoras locais para dificultar a chegada da americana.  
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Executivos do setor dizem que a Saraiva não esconde o seu descontentamento com as negociações de seus fornecedores com a Amazon. Um deles, que pediu para não ser identificado com medo de sofrer represália, tem aproximadamente 50% de seu faturamento advindo das vendas pela Saraiva e recusou contrato com a Amazon. “Eles ameaçaram colocar nossos livros nas prateleiras obscuras do fundo das lojas”, diz o executivo. “Seria um forte baque para o nosso negócio.” O CEO da Saraiva, Marcílio Pousada, nega que esteja fazendo esse tipo de pressão. “Jamais falaríamos isso”, afirma. “Temos 97 anos de relacionamento com as editoras.” Para Pousada, os “burburinhos” são normais com a chegada de um novo competidor ao mercado.  
Especialmente a Amazon, que tem potencial para abalar todo o mercado de comércio pela internet, não apenas o de livros. Nos Estados Unidos, a Amazon vende de tudo, inclusive eletrodomésticos e eletrônicos.Os contratempos têm irritado a empresa de Jeff Bezos, que tem fama de rancoroso, de não levar desaforo para casa e de usar de um forte arsenal para ultrapassar as dificuldades. Há indícios de que Bezos  jogará pesado para conquistar o mercado brasileiro. O diretor da Amazon para a América Latina, Pedro Huerta, que iniciou as conversas com as editoras no ano passado, esteve em São Paulo no começo deste mês. Sua missão era coletar informações com as editoras sobre as supostas tentativas de melar a vinda da Amazon. 
 
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Huerta irá aos Estados Unidos nesta semana para levar a Bezos algumas propostas de ação no País. Uma ideia é entrar com uma ação contra a Saraiva no Cade, órgão de defesa da concorrência. Outra hipótese é ir além do e-book e entrar de sola na venda de livros de papel. Isso tranquilizaria as editoras que temem as represálias da Saraiva, segundo uma fonte a par das negociações. A Amazon negou os insistentes pedidos de entrevista feitos pela DINHEIRO nas últimas duas semanas. Por telefone, Widman limitou-se a dizer, laconicamente, que a empresa está “fazendo progressos” e se negou a dar maiores detalhes. É consenso entre as editoras que o livro digital será o principal trunfo  da Amazon nessa primeira etapa.  
Sua intenção é vender mais barato o leitor de livros digitais Kindle, com preços na faixa entre R$ 149 e R$ 199. Esse patamar causaria uma “ruptura” no mercado brasileiro, que até agora só registrou fracassos nesse segmento, afirma Luciano Crippa, analista da consultoria americana de tecnologia IDC. Entre as tentativas que não decolaram por aqui figuram o Alfa, da Positivo, e o Cool-er, importado pela Gato Sabido, primeira livraria virtual do País. Todos custavam acima de R$ 600, próximo dos tablets, que oferece ainda navegação na internet, games e outros serviços. A própria CBL (Câmara Brasileira do Livro) admite que o alto custo dos leitores travou o mercado no País. “O Alfa é um produto de nicho”, diz Hélio Rotenberg, presidente da Positivo Informática. 
 
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Mercado de nicho: Hélio Rotenberg, da Positivo, diz que está satisfeito com o e-book Alfa.
 
“Estamos satisfeitos com o resultado.” O fundador do Gato Sabido, Duda Ernanny, admite que o Cool-er foi um fiasco, embora ressalve que aprendeu muito com a experiência. No preço pretendido pela Amazon, o Kindle não teria concorrente à altura. Para chegar a esse patamar, no entanto, a Amazon terá de fabricar o aparelho por aqui ou conseguir a isenção do imposto de importação. Outra opção será vender o aparelho com prejuízo, obtendo lucro com o conteúdo, estratégia já utilizada pela empresa em outros momentos nos Estados Unidos. O mercado de livros digitais engatinha no Brasil. O maior best seller de e-books foi Steve Jobs, de Walter Isaacson, lançado pela Companhia das Letras. A biografia do fundador da Apple teve pífios seis mil downloads. 
 
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Livraria Martins Fontes, em SP: o mercado brasileiro de livros faturou R$ 4,5 bilhöes em 2010.
 
Na versão impressa, o livro vendeu 200 mil unidades. A chegada da Amazon pode significar uma mudança nesse cenário. Quando lançou o Kindle nos Estados Unidos, em novembro de 2007, o mercado de e-books americano era nanico. Hoje, a Amazon vende mais livros digitais do que físicos. Segundo a Associação Americana de Livros, as vendas de e-books cresceram 117% em 2011. Um dos receios das redes de livrarias, assim como das editoras brasileiras, é de que a Amazon reproduza  por aqui o que está fazendo nos Estados Unidos, onde  passou a atuar também como uma editora. “Fizemos isso por um motivo: melhorar os preços”, declarou Bezos, em entrevista à revista americana Wired. Ele também briga para controlar os preços.  
Assim como a Apple, que dominou a indústria de música e vídeo e tem o poder de fixar os preços, a Amazon bate o pé em controlar o valor dos e-books. Bezos acredita que os consumidores dificilmente aceitariam pagar mais do que US$ 9,99 por uma versão digital de um livro. As editoras de lá, como as de cá, é claro que discordam. “Será o beijo da morte da indústria editorial brasileira”, diz Ruy Castro, autor de campeões de venda como O anjo pornográfico e Estrela solitária: um brasileiro chamado Garrincha. O jornalista e escritor, no entanto, diz estar disposto a digitalizar seus livros se lhe for pedido. Apesar de alegarem que estão sofrendo pressões da Saraiva para não fechar com a Amazon, as editoras também reclamam das cláusulas contratuais apresentadas pela empresa de Bezos. 
 
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Escritor temeroso: "O livro digital é o beijo da morte para as editoras", diz Ruy Castro.
 
Algumas são consideradas draconianas: acesso a todo o catálogo da editora para a digitalização, compromisso de que todos os livros também serão lançados de forma digital, pedidos de exclusividade e comissões estratosféricas, na casa dos 50% do preço de capa. O mercado brasileiro está acostumado com um percentual de 35%. Nas últimas versões do contrato, a Amazon reduziu a comissão. Além disso, os contratos entre livrarias e editoras, no Brasil, geralmente são de uma página. Os da Amazon chegam a ter mais de 20, um calhamaço para estes tempos de Twitter. “Aqui no Brasil a gente assina e depois vê no que dá”, afirma José Luiz Próspero, presidente da editora Saraiva, que tem operações separadas da livraria homônima. Para não ficarem reféns da Amazon, as editoras brasileiras buscam alternativas. 
 
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Pioneira nacional: a Livraria Cultura, de Fábio Herz, foi uma das primeiras a apostar nas vendas online no País.
 
A Gato Sabido, por exemplo, abriu a Xeriph, uma distribuidora de e-books de pequenas e médias editoras. Rocco, Record, Sextante, L&PM, Planeta e Objetiva, seis das maiores editoras do Brasil, formaram a DLD (Distribuidora de Livros Digitais). Atlas, Saraiva, Gen e Grupo A Educação, que atuam com livros técnicos, celebraram uma aliança chamada Minha Biblioteca, na qual as universidades podem oferecer aos seus estudantes acesso a parte do acervo das editoras por meio de uma tarifa mensal. Pousada, da Saraiva, e Herz, da Cultura, ambos pioneiros na venda de livros pela internet, não revelam seus planos, mas incluíram a vinda da Amazon no horizonte estratégico deste ano. Apesar dessa dificuldade de negociar com as editoras, a Amazon estreará no Brasil em um momento em que a B2W, líder do setor, passa por um mau momento.  
Dona do Submarino, Americanas.com e Shoptime, o seu faturamento está praticamente encalhado há quatros anos. Em 2008, faturava R$ 4,4 bilhões. Em 2011, foram R$ 4,7 bilhões. A rival Nova Pontocom, que inclui Ponto Frio, Casas Bahia e Extra, está batendo em seus calcanhares. No ano passado, teve receitas de R$ 3,5 bilhões. Há quatro anos, as vendas chegavam a apenas R$ 270 milhões. Não bastasse isso, a B2W tem enfrentado sérios problemas logísticos, o que tem ocasionado atrasos nas entregas. Em março, a Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor de São Paulo (Procon-SP) pediu a suspensão das atividades de três sites da empresa em razão do enorme volume de reclamações registradas. A companhia recorreu e conseguiu impedir a paralisação das operações. 
 
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Saraiva: rede comandada por Pousada estaria retardando entrada da Amazon no País. Ele nega.
 
“A entrada de novos players nos força a fazer diferente e continuar nossa busca contínua para satisfazer nossos clientes”, afirmou a B2W em nota. A Amazon tem ainda um último – e importante – problema para resolver, antes de seu desembarque no Brasil. É que o endereço eletrônico www.amazon.com.br pertence à Amazon Corporation, uma companhia de tecnologia brasileira de Belém do Pará. O dono da empresa, Fábio Carvalho, assegura que o nome é uma homenagem ao rio que corta seu Estado. Amazon e Amazon Corporation disputam na Justiça, desde 2006, o registro feito no dia 27 de setembro de 1995, dois meses depois de Bezos vender seu primeiro livro pela internet. Esse é o tipo de problema que Bezos não deverá enfrentar quando fincar sua bandeira na Lua.
 
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O Burger King está bem na chapa


Comandada pelo brasileiro Bernardo Hees, a rede de fast-food americana vende 29% de seu capital por US$ 1,4 bilhão.

Por Rafael FREIRE
Em agosto de 2010, os empresários brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, donos do fundo de investimento 3G Capital, pagaram US$ 4 bilhões para assumir o controle da rede de fast-food americana Burger King. Deram US$ 1,2 bilhão em dinheiro e assumiram dívidas de US$ 2,8 bilhões. Um ano e oito meses depois, os três mostraram que ainda fazem jus à fama de multiplicar os seus negócios. Na terça-feira 3, a trinca vendeu uma fatia de 29% do Burger King por US$ 1,4 bilhão para a Justice Holdings, grupo de investidores estrangeiros com sede do Reino Unido. Os brasileiros, com 71% do capital, continuam no controle da empresa. 

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Hees, CEO: sob seu comando, o lucro da empresa cresceu 80%.
 
Mais: anunciaram que a companhia voltará à Bolsa de Nova York, depois de terem fechado o capital do grupo em setembro de 2010. A transação deve ser concluída entre 60 e 90 dias. Desde que assumiram o comando do Burger King, a 3G Capital implantou o estilo de gestão que fez sucesso em empresas administradas por Lemann, Sicupira e Telles, como ALL, AB InBev e Lojas Americanas. “A marca registrada da 3G Capital é cortar custos com uma boa dose de meritocracia”, afirma Enzo Donna, diretor da ECD, consultoria paulista especializada em serviços de alimentação.“Eles colocaram a casa em ordem.” As medidas adotadas incluíram a troca de executivos, reestruturação da rede de fornecedores e reformulação do cardápio.  
Os resultados dessa estratégia são animadores. Em 2010, o Burger King faturou US$ 2,4 bilhões e lucrou US$ 60 milhões. No ano passado, primeiro ano completo sob gestão do grupo, a receita caiu  para US$ 2,3 bilhões, mas o lucro quase dobrou, chegando a US$ 107 milhões. No Brasil, a operação do Burger King foi assumida pela gestora de recursos Vinci Partners, do banqueiro carioca Gilberto Sayão. Não sem polêmica. Os antigos franqueados, como o BGK, do pecuarista Luiz Eduardo Batalha, que havia trazido a rede para o País em 2004, se revoltaram por não terem sido consultados sobre a entrada da Vinci, a quem se negaram a prestar contas. Pouco tempo depois, o BGK, dono de 78 lojas, foi comprado pela gestora de Sayão, por estimados R$ 200 milhões. 
 
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