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quarta-feira, 11 de abril de 2012

Quem vai dar o xeque-mate?


Casino tira Abilio Diniz de seu conselho de administração e abre mais um round na disputa societária no Pão de Açúcar. Qual será a próxima jogada?

Por Ralphe MANZONI Jr. e Tatiana BAUTZER
O empresário Abilio Diniz pode não saber, ainda, exatamente qual será o seu destino no mundo dos negócios a partir de 22 de junho, quando seu sócio, o Casino, assumir o controle do Grupo Pão de Açúcar, a maior rede de supermercados do País. Mas uma coisa é certa: desde a quinta-feira 29, ele está desobrigado de comparecer às reuniões do conselho de administração do grupo francês. Diniz, que viajara na véspera a Paris, recebeu a comunicação de que seu mandato não seria renovado, em reunião realizada no QG do Casino, no número 83 do Faubourg de Saint-Honoré, uma avenida nobre da capital francesa. A mesma má sorte teve Philippe Houzé, CEO da Galerias Lafayette, com quem Jean-Charles Naouri, o chefão do Casino, se desentendeu por conta da compra da rede de supermercados Monoprix cujo controle era dividido pelas duas empresas. 
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Assim como Diniz, Houzé, que ironicamente foi um dos principais apoiadores de Naouri nas disputas com o brasileiro, foi afastado “em razão dos conflitos em curso”, de acordo com o comunicado oficial divulgado pelo conselho de administração. De uma só sentada, Naouri, um executivo implacável e persistente, livrou-se de dois adversários formidáveis. A proposta ainda será submetida à aprovação durante reunião geral anual, que será realizada no dia 11 de maio. De acordo com uma fonte ligada a Diniz, o empresário brasileiro só ficou sabendo que não teria o seu mandato renovado na manhã na qual a reunião iria acontecer. 
 
Mesmo assim, resolveu participar da assembleia. No entanto, fonte próxima ao Casino assegura que a pauta da reunião foi distribuída com quatro dias de antecedência e que, por conta disso, Diniz já sabia o que o esperava ao aterrissar com seu jato particular no aeroporto de Le Bourget. Depois de ratificada a decisão, Diniz pediu a palavra e disse: “Há três coisas na vida que detesto: cebola, despertador e despedidas. O tempo dirá quem tem razão.” Depois, levantou-se e, sem esperar pelo fim da reunião, retornou ao Brasil. A decisão não chegou a ser uma surpresa para pessoas próximas tanto de Naouri como de Diniz. Mas, como num jogo de xadrez, depois do lance do Casino, os dois lados tentam antecipar movimentos futuros do oponente na disputa societária. 
 
Ambos negociam um acordo que traga “harmonia na gestão do Pão de Açúcar”, segundo uma fonte, ou mesmo a saída de Diniz do negócio. Ainda na quinta-feira, Diniz divulgou comunicado, no qual afirma que “durante os últimos 12 anos, mesmo em momentos difíceis, defendeu os interesses do Casino e de seus acionistas”. E prossegue dizendo esperar que “o Casino faça o mesmo enquanto acionista do Grupo Pão de Açúcar”. Fontes ligadas a Diniz e a Naouri disseram à DINHEIRO que a saída do empresário brasileiro do conselho do Casino não afeta as negociações em curso. “Tem implicação zero”, disse uma delas. Estão na mesa algumas propostas. A primeira seria um acordo, no qual Diniz fica no grupo, mas refaz o atual contrato de acionistas para ganhar novas atribuições na condução da empresa. 
 
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Duelo de mestres: Diniz (à esq,) e Naouri são dois empresários calculistas, que analisam
todos os lances de uma disputa.
 
No atual contrato, Diniz se mantém como presidente do conselho de administração e pode escolher o CEO a partir de uma lista tríplice apresentada pelo Casino. Diniz tenta inverter o arranjo, apresentando uma lista para a escolha do Casino. Simultaneamente, Diniz pede garantias para um acordo de separação, caso as condições negociadas para que ele permaneça não sejam cumpridas. Uma das saídas em discussão pelos negociadores é o empresário brasileiro ficar com alguns ativos, como a ViaVarejo, que reúne a Casas Bahia e o Ponto Frio. O Casino, entretanto, teria de abrir mão da cláusula de não competição assinada por Diniz, o que seria difícil de explicar aos acionistas franceses. 
 
Uma eventual cisão da ViaVarejo também seria complicada pela oposição da família Klein, que, embora não tenha poder acionário para rejeitá-la, pode atrasar a operação questionando o valor atribuído à empresa. Outra alternativa, mais palatável para o Casino e menos desejada por Abilio, seria comprar antecipadamente as ações de Diniz no Pão de Açúcar. “O Abilio precisa dizer exatamente o que ele quer”, afirma uma fonte próxima ao Casino. Por enquanto, nada está definido, mas as negociações podem avançar durante a vinda de Naouri ao Brasil, em maio (leia a coluna Moeda Forte). A ver quem dará o xeque-mate.

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