Mesmo com a economia brasileira em compasso de espera, refletindo a persistente crise financeira global, o governo aposta na firme recuperação do país no próximo ano. A mais recente manifestação de otimismo da equipe econômica veio ontem (19) do secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa. Homem de confiança da presidente Dilma Rousseff e um dos articuladores do pensamento econômico do Partido dos Trabalhadores (PT), Barbosa afirmou que o Brasil deverá crescer “entre 4% e 5%” em 2013.
Segundo o secretário, a alta vai ocorrer sem gerar pressões inflacionárias, mesmo que a produtividade das empresas não esteja acompanhando o consumo das famílias. “Por que vamos manter esse crescimento? Primeiro porque o Brasil pode, e segundo porque deve”, enfatizou. Falta combinar com o mercado, que vê o Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas criadas no país) crescendo menos de 4% no ano que vem.
Para justificar o otimismo, o governo anunciou que o investimento — e não mais o consumo das famílias — deverá ser o motor da expansão econômica nos próximos anos. Para isso, confia no sucesso do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que, de janeiro de 2011 a outubro deste ano, teve apenas 40,4% das obras previstas executadas.
Ontem, durante a divulgação do quinto balanço da segunda fase do programa, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, disse que a determinação é estimular os investimentos, não importa a origem. “Felizmente, deixamos para trás a dicotomia entre investimentos públicos e privados”, disse.
A frase confirma a disposição do governo em angariar parcerias com empresas para tocar projetos de infraestrutura, como ampliação e reforma de portos, estradas, ferrovias e aeroportos. “A nossa presidente (Dilma) quer o pé no acelerador”, avisou a ministra, para quem a execução do PAC 2 “está boa, mas pode melhorar”.
Atrasos
Em pouco menos de dois anos da segunda etapa do PAC, os desembolsos do governo somaram R$ 385,9 bilhões. Quando se levam em conta as ações concluídas, parâmetro que mede a eficácia do programa, a cifra cai para R$ 272,7 bilhões, ou 38,5% das ações previstas para o período de 2011 a 2014. Os atrasos também são uma constante. Na área de transportes, os projetos cujo andamento causa preocupação passaram de 7% para 8% e os que exigem atenção, de 13% para 20%. Em energia, as obras em estágio preocupante são 2%, ante 1% do balanço anterior.
Os dados mostram que o governo ainda enfrenta dificuldades em reduzir os gargalos logísticos que prejudicam a competitividade das empresas. Dos recursos aplicados no programa, R$ 155,1 bilhões foram utilizados na construção de habitações populares do Minha Casa, Minha Vida. Com isso, fica ainda mais difícil atingir a meta de elevar a taxa de investimentos na economia dos 18% do PIB previstos para este ano para 20% em 2013.
Por Deco Bancillon/ Correio Braziliense
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