O enterro de um automóvel marcou ontem (26) o início das obras da fábrica da JAC Motors no Brasil, primeiro empreendimento iniciado sob o novo regime automotivo, anunciado pelo governo em setembro. A unidade, capaz de produzir 100 mil carros por ano, será erguida no município de Camaçari, na Grande Salvador, e terá como foco o emergente mercado consumidor da região Nordeste.
Durante a solenidade de lançamento da pedra fundamental, o sócio e presidente da JAC Motors no Brasil, Sergio Habib, foi veemente nos elogios ao pacote automotivo do governo. "O Inovar Auto não teve o que todo mundo queria, mas teve um pouco do que todos precisavam e viabilizou completamente a nossa fábrica", disse o empresário.
Presente à solenidade, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, disse que o início das obras consolida as novas regras para o setor. Segundo ele, seis montadoras (JAC, Nissan, Renault, Peugeot, Mitsubishi e Toyota) já foram habilitadas no Inovar Auto e outras 35 estão "em processo de habilitação".
Sobre o destino dos carros "made in Brazil" da JAC, que deve iniciar a operação em 2014, Habib mencionou por varias vezes o mercado automotivo do Nordeste. "São Paulo é hoje um mercado de reposição. Quem tem que ter carro, já tem. O Nordeste é diferente. É uma avenida de crescimento, tem um mercado maior do que a Holanda e a Bélgica juntas", comparou o empresário, antes de revelar que o market share da JAC no Nordeste é superior ao de São Paulo.
Habib aproveitou, inclusive, a presença do governador da Bahia, Jaques Wagner, para manifestar preocupação com a mobilidade urbana em Salvador. O empresário reivindicou a construção de novas avenidas na cidade para absorver o fluxo crescente. "Tenho certeza de que Salvador será um mercado de 14 mil carros por dia daqui a 20 anos", estimou. Atualmente, vende-se 7 mil carros por dia na capital baiana.
O governador aproveitou a vitrine. Disse que está muito próximo de anunciar outra montadora chinesa na Bahia. Ele se referia à Foton Motors, fabricante de ônibus e caminhões leves, cujo investimento estaria "praticamente fechado".
O investimento, segundo o governador, consolidaria a criação de importante polo automotivo na região de Camaçari que contaria, além das montadoras já existentes (Ford e, agora, a JAC), com uma gama de empresas fornecedoras de autopeças, inclusive chinesas. Porém, ao sair sem atender a imprensa, Habib não falou sobre a cadeia de suprimento da JAC na Bahia.
O presidente do conselho de administração da JAC, o chinês An Jin, se disse satisfeito com o curto período no qual a empresa se tornou conhecida dos brasileiros ao ponto de anunciar a construção de uma fábrica. O executivo garantiu ainda que a montadora chinesa trará novas tecnologias ao Brasil e investirá em pesquisa e desenvolvimento.
Após o discurso das autoridades, foi enterrado no terreno da fábrica o primeiro carro trazido pela JAC para o Brasil, em 2011. O modelo J3, com pouco mais de 200 mil quilômetros rodados, foi enterrado repleto de objetos como computadores, celulares, fotos e até mesmo garrafas de refrigerante. O carro será retirado em 2032, quando os chineses já esperam estar muito bem acomodados no mercado automotivo brasileiro.
Por Murillo Camarotto/ Valor Econômico
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