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terça-feira, 12 de junho de 2012

Regulamentação e exploração do gás de xisto é desafio para o Brasil


Durante a feira Offshore Technology Conference (OTC) 2012, realizada em Houston, representantes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) puderam conhecer o modelo norte-americano de exploração e produção de shale gas (gás extraído das rochas de “xisto”). Um levantamento recente da KPMG indica que o Brasil pode se tornar o segundo maior produtor desse tipo de energia, considerada estratégica para a matriz mundial no futuro. De acordo com o estudo, o país é hoje o décimo entre os detentores de reservas de shale gas, estimadas em 226 bilhões de m³.

Entre os principais passos a serem dados nesse setor está a regulamentação. “Tivemos a oportunidade de conhecer como os Estados Unidos, nação líder na produção de shale gas, regula os seus processos de exploração e produção, especialmente nas questões ambientais”, afirma o coordenador da Área de Energia da ABDI, Jorge Boeira. Além da regulamentação e da responsabilidade ambiental, o desenvolvimento de tecnologias para a produção desse gás - que ocorre de forma bastante complexa - é um ponto-chave observado pelos brasileiros.

Para debater as formas de exploração do gás de xisto, sua regulamentação e tecnologias existentes, na ocasião da visita o Ministério de Minas e Energia (MME) coordenou, em parceria com o Departamento de Energia Americano, em Houston, um workshop sobre hidrocarbonetos não convencionais. Também foram abordados no evento os modelos de negócios para o setor. “Essa troca de informações é importantíssima para o Brasil, pois os Estados Unidos possuem 20% das reservas de shale gas e 80% da capacidade instalada de produção no mundo”, conta o diretor do Departamento de Política de Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural do MME, José Botelho.

“Nos últimos 10 anos, essa atividade mudou a posição dos Estados Unidos de importador para provável exportador de gás. Hoje, a produção de gás não convencional, principalmente de shale gas, corresponde a 60% da produção de gás naquele país. O potencial brasileiro nessa área é notório, por isso precisamos estar atentos desde já para desenvolver a cadeia de fornecedores”, completa o analista de comércio exterior da Secretaria de Desenvolvimento da Produção do MDIC, João Luís Rossi.

O modelo de exploração de shale gas norte-americano se destaca principalmente pela combinação e o aperfeiçoamento de tecnologias existentes há mais de 40 anos, como a perfuração horizontal e as técnicas de fraturamento hidráulico. “O sucesso desse modelo, que alavancou o setor nos Estados Unidos, faz com que esse segmento já seja o maior e o que mais cresce dentro do mercado global de bens e serviços da cadeia de petróleo e gás. O setor atingiu um faturamento da ordem de US$ 40 bilhões em 2011”, destaca Boeira.

Durante a missão aos Estados Unidos, representantes do MDIC, ABDI, MME, Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e Petrobras visitaram sites de produção da Halliburton, em San Antonio, e da Shell, em Shreveport. Boeira e Rossi participaram ainda de palestras, visitas e conferências técnicas na OTC, em Houston. O representante da Petrobras no evento, Carlos Tadeu da Costa Fraga, palestrou em um painel sobre o futuro da indústria offshore até 2030. Na ocasião, o Brasil foi apontado, por 70% dos especialistas presentes, como a próxima fronteira de exploração de petróleo offshore no mundo.

Os representantes do governo brasileiro também estiveram no Seminário Investing in Brazil’s Oil & Gas Supply Chain, promovido pela Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos (Apex Brasil), que apresentou as oportunidades de investimentos em nichos da cadeia produtiva de petróleo e gás, bem como o relato de empresas estrangeiras sobre o processo de instalação no Brasil e o ambiente de negócios no País. O Seminário também contou com a participação de representantes dos estados do Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco e São Paulo.

Fonte: TN Petróleo, maio/12

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