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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Elogiada pela Fifa, Rússia não cogita substituir Brasil em 2014


Eliano Jorge e Marina Dias

O Estádio Luzhniki, um dos principais da Europa, foi escolhido
para a final da Copa de 2018 (Foto: Getty Images)
Integrantes da Federação Internacional de Futebol (Fifa) ainda mantêm, em seu discurso, o temor sobre o cumprimento dos cronogramas de estádios para a Copa do Mundo de 2014 e reclamam das obras de infraestrutura no Brasil, principalmente de aeroportos e mobilidade urbana. A entidade conseguiu unir governistas e opositores no Congresso Nacional ao travar uma disputa para que sejam aprovadas exigências consideradas polêmicas. Antes mesmo deste impasse, surgiram especulações de que outro país poderia herdar o Mundial em caso de emergência, mas eram sempre negadas por dirigentes estrangeiros e autoridades nacionais.
A Fifa garante não ter um plano B. Em janeiro, seu presidente, o suíço Joseph Blatter, chegou a declarar que os russos, escolhidos para receber a Copa em 2018, mostravam mais avanços na sua preparação do que os brasileiros. Lá, a previsão de conclusão das obras em alguns estádios é para este e o próximo ano. Questionado por Terra Magazine via e-mail, o Comitê Organizador Local da Rússia para 2018 (COL) não confirma a possibilidade de se antecipar como país-sede, caso haja necessidade:
- Não podemos comentar um assunto como esse. O Brasil é um país que vive e respira futebol. E, como inúmeros fãs de futebol pelo mundo, estamos torcendo para que ele faça uma inesquecível Copa em 2014. Nossa meta é para 2018. Desde que a Rússia foi escolhida como sede, o Comitê Organizador Local está trabalhando duramente para que o torneio consiga alargar as fronteiras do futebol mundial e revigorar o jogo bonito no maior país do mundo.
O COL admite disposição para aprender com as experiências das duas edições anteriores, organizadas por países que pertencem ao mesmo grupo econômico da Rússia, o BRICS, formado também por Brasil, Índia, China e África do Sul:
- Cada Copa do Mundo é diferente, pois reflete os sabores únicos do povo e da atmosfera do país-sede. Mesmo assim, o Comitê Organizador Local da Rússia está bem preparado para aprender com os comitês organizadores de 2010 (África do Sul) e de 2014 (Brasil) e assegurar que o Mundial de 2018 continue no caminho para ser o evento mais espetacular e bem organizado possível.
Membros da iniciativa russa visitaram o sorteio das Eliminatórias da Copa de 2014, ocorrido no Rio de Janeiro, em julho do ano passado.
- O Comitê Organizador do Brasil está sendo muito cuidadoso e, junto com a Fifa, assegurou que a delegação da Rússia para 2018 tivesse acesso a experiências práticas de organização e vislumbrasse as tarefas que ainda estão por vir - informou o COL.
Ineditismo
Ao hospedarem o primeiro Mundial realizado no Leste Europeu, os russos se consideram em situação semelhante à dos sul-africanos, pioneiros no seu continente.
- A Copa de 2010, na África do Sul, provou ser o catalizador de mudanças positivas. O país surpreendeu a todos com sua organização no primeiro evento internacional dessa escala que já aconteceu em continente africano e trouxe um legado positivo para toda a infraestrutura do país. E é para sucessos como esses que o COL da Rússia está trabalhando e se adaptando a cada dia - afirmou a equipe de 2018.
As estatísticas parecem ser o seu grande incentivo. De acordo com pesquisa divulgada pela Fifa e enaltecida pelo COL, 91% dos sul-africanos concordam que a Copa de 2010 trouxe impactos positivos para a infraestrutura do país. Números divulgados pela Rússia apontam que 61% da população de 143 milhões de pessoas já se diz orgulhosa de abrigar a Copa em 2018.
- Durante o Mundial, a Rússia investirá em fortes relacionamentos para promover o intercâmbio cultural. Para o país como um todo, a Copa ajudará a desenvolver o potencial de todas as regiões, criando um legado sustentável no padrão de países do primeiro mundo - prometeu o COL, embora as cidades-sede se concentrem basicamente no lado oeste do seu gigantesco território, que, lembra o site da Fifa, representa "10% da superfície habitada do planeta".
Pagamento da conta
O COL não revela quanto estima que custará o Mundial na principal nação herdeira da União Soviética, que recebeu os Jogos Olímpicos de 1980 em Moscou e se esmera para a Olimpíada de Inverno de 2014, em Sochi.
- A Rússia considera o dinheiro gasto com a Copa do Mundo de 2018 apenas uma parte de um longo período de investimento que solidificará a modernização do país - esquivou-se o COL. - A essa altura, e por ser um evento dessa magnitude, apenas previsões podem ser feitas a respeito de um valor final.
O Mundial de 2018 possui dois planos de aplicação de verbas.
- Um é o orçamento operacional do Comitê Organizador, basicamente financiado pela Fifa. Todas as despesas dentro desse orçamento estão relacionadas à organização do torneio: construção ou reforma de estádios, preparação e organização de eventos relacionados, atividades sociais, transporte e serviços para os times, etc. E esse orçamento ainda está sujeito a uma ratificação final - explicou o COL.
Do outro lado do pacote de investimentos está "um orçamento determinado pelas autoridades russas para aprimoramento da infraestrutura do país e desenvolvimento de aeroportos, ferrovias, transporte e comunicação, além da modernização da infraestrutura de tecnologia da informação".
O primeiro-ministro Vladimir Putin já declarou que espera auxílio financeirode magnatas compatriotas, como o dono do clube de futebol inglês Chelsea, o bilionário Roman Abramovich.
- A economia da Rússia está forte e estável. Combinando isso com o planejamento detalhado de várias autoridades, podemos concluir que o evento terá um financiamento seguro e deixará um legado positivo para as gerações futuras - afirmou o COL, que vai monitorar a construção dos estádios e o atendimento deles às exigências da Fifa.

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