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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A multiplicação dos camarões


Criadores do Ceará fortalecem a cadeia produtiva no Estado, de olho no crescimento do mercado nacional
Fátima Costa, de Acaraú (CE)
Camarão branco: Costa Negra, região do litoral cearense, recebeu o selo de certificação de qualidade, o que agregará maior valor ao produto
A pequena cidade de Acaraú, a 255 quilômetros de Fortaleza, no litoral do Ceará, é um dos poucos municípios no País que ainda sobrevivem da pesca. Até uma década atrás, o camurupim, um peixe que pode atingir 2,5 metros e pesar 160 quilos, predominava entre as espécies capturadas no mar. A importância desse peixe para Acaraú é tão grande que a cidade ergueu um monumento em sua homenagem. Nos últimos anos, a captura do camurupim tem sido menos farta nas águas quentes do litoral cearense, mas o município permanece no mapa da pesca por causa da lagosta – o Estado é o maior produtor do País – e também em função da produção de camarões. Mas não é apenas do mar que esses crustáceos estão saindo. Os produtores do Ceará estão criando camarões em tanques construídos no continente, em fazendas à beira-mar. “Hoje, do camarão se beneficiam homens e mulheres que moram nas comunidades no entorno das 180 fazendas de cultivo no Estado”, diz Flávio Bezerra da Silva, secretário de Pesca e Agricultura do Ceará.
Segundo a Associação de Criadores do Estado, essas fazendas geram 11 mil empregos diretos e ocupam uma área de cinco mil hectares de lâminas d’água concentrados, em cinco polos – Acaraú, Coreaú e Mundaú- Curu e nas regiões do baixo e médio rio Jaguaribe. “Cerca de 70% das fazendas pertencem a pequenos produtores, com áreas inferiores a 30 hectares”, diz Silva. A maior parte dessas fazendas fornece o crustáceo para as grandes empresas de beneficiamento instaladas no Estado, que está no topo do ranking nacional dos produtores de camarão, posição que foi tomada do Rio Grande do Norte há três anos. Neste ano, os cearenses estão criando 35 mil toneladas de crustáceos em tanques, contra as 25 mil toneladas previstas pelos potiguares. No Ceará, hoje, a captura em mar aberto não chega a 10% do camarão produzido no Estado. “A preferência pelo camarão dos tanques leva à redução da pesca extrativista, manejo perigoso que diminui a capacidade de reprodução no mar”, diz Silva. Ítalo Rocha, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Camarão, diz que a tendência é o Ceará aumentar esses criatórios, distanciando o Estado ainda mais de outros polos de cultivo. De acordo com a entidade, há 1,3 mil produtores de camarão em tanques, no País, 95% dos quais no Nordeste. O clima e o solo onde são construídos os tanques, em geral próximos dos mangues e com fácil acesso à água salgada do mar, são fatores que contribuem para o desenvolvimento da espécie. Em 2010, a produção do País foi de 75 mil toneladas de camarão. O Ceará responde por 30 mil toneladas, o equivalente a 40% do total nacional, que gerou uma receita estimada em R$ 300 milhões no ano passado. “Para o ano que vem, a perspectiva é de um crescimento de 10%”, afirma Rocha.
Dados da Secretaria de Pesca e Aquicultura do Esta
Fazenda da Nutrimar, em Acaraú: toda a cadeia produtiva é monitorada
Acaraú é um dos motores da atividade pesqueira no Estado, por estar localizada na melhor área de produção do Ceará. O município está situado na chamada Costa Negra, um local de águas escuras que se estende por 320 quilômetros de litoral entre a foz do rio Aracatimirim, na localidade de Torrões, e a foz do rio Guriú, em Jijoca de Jericoacoara, um dos paraísos turísticos do Brasil. “A região também se popularizou internacionalmente pelos camarões que produz”, diz Rocha. Desse pedaço do Brasil sai um crustáceo diferenciado no mercado, com qualidade superior e produzido de forma ecologicamente correta. Por suas características de sabor e textura, em outubro o camarão branco da Costa Negra, cientificamente chamado de Litopenaeusvannameique – espécie que se assemelha muito ao crustáceo encontrado no mar –, recebeu do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) um selo de certificação de qualidade. Agora, os produtores da região que podem comercializar seus produtos com Denominação de Origem esperam agregar mais valor de mercado aos camarões. Hoje, os frigoríficos pagam aos produtores a média de R$ 6 por quilo.


"Nosso interesse é a mesa dos brasileiros"
Fabrício Ribeiro, sócio do grupo Nutrimar Pescados
Só nas águas da Costa Negra há 32 fazendas de cultivo em atividade, nas quais são produzidas por ano dez mil toneladas (um terço da produção estadual), em 886 hectares de lâmina d’água. Entre as fazendas da Costa Negra está a Cacimbas, que pertence ao grupo Nutrimar Pescados, dos empresários Rubens Sales e Fabrício Ribeiro, com sede em Acaraú e escritórios em São Paulo e no Rio de Janeiro. Com uma produção de oito mil toneladas de camarão por ano, cultivados nos 280 hectares de lâminas d’água de uma antiga salina, a Nutrimar se consolidou como a maior carnicicultora no Estado. Desde o início de 2010, a empresa vem se empenhando em popularizar o consumo do camarão no mercado interno, hoje muito mais atraente que o externo para os produtores. Um dos chamarizes no atual portfólio de produtos da Nutrimar, o camarão orgânico e certificado, foi apresentado em novembro. “Com o lançamento do produto, a empresa obteve a certificação da Naturland, da Alemanha, uma das mais importantes certificadoras do mundo”, diz Ribeiro.

A Nutrimar produz oito mil toneladas de camarão por ano, cultivados em 280 hectares de lâminas d’água

Por enquanto, apenas 800 toneladas, 10% da produção total da Nutrimar, é cultivada de forma orgânica e rastreada, mas a intenção é crescer nesse segmento. Nos sistemas orgânico e rastreado de criação toda a cadeia produtiva, da ração fornecida aos crustáceos até o embarque no frigorífico, é monitorada. Esse camarão que está chegando às grandes redes de varejo e de food service para atender ao mercado interno é uma novidade no segmento. Em geral, alimentos orgânicos produzidos no País têm como destino o mercado externo. “Hoje, estamos interessados em conquistar a mesa e o paladar dos brasileiros”, afirma. “Por causa do dólar em baixa e do real valorizado, os orgânicos agregam 20% ao valor dos crustáceos convencionais”, diz Sales. Ao apostar no mercado interno, a Nutrimar quer no próximo ano dobrar o faturamento obtido em 2010, que foi de R$ 60 milhões. A meta para 2012 é abrir centros de distribuição no Recife, em Salvador, Porto Alegre e Brasília, adquirir mais fazendas e apostar em novos produtos como o kani, um prato típico japonês à base de caranguejo, camarões e lulas empanados.
Os planos da empresa têm como pano de fundo o cenário nacional. Segundo dados do Ministério da Pesca e Aquicultura, o consumo de camarão no País aumentou 39,5% em sete anos. O consumo médio, que era de 6,46 quilos por habitante, em 2003, aumentou para nove quilos em 2010. A perspectiva é de que o crescimento da demanda nacional nesse setor permaneça firme nos próximos anos. Se depender da Nutrimar, vai ter camarão para todo mundo. “Nosso produto tem chamado a atenção também na alta gastronomia e fizemos uma parceria que será nosso cartão de visitas”, diz Sales. Essa parceria atende pelo nome de restaurante Mr. Lam, no Rio de Janeiro, que pertence ao empresário Eike Batista, dono da maior fortuna do Brasil. “O Mr. Lam vai abrir as portas para o circuito dos restaurantes de luxo para nós”, afirma.


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