Folha de S. Paulo
O ano de 2011 foi particularmente difícil para a cana-de-açúcar.
Em 2011, segundo a Conab, a produção de etanol foi 17,2% menor do que a do ano anterior.
Enquanto o etanol anidro respondeu por 39,7% do total (aumento de 13,1% em relação à safra anterior), a produção de etanol hidratado recuou 29,6% (o equivalente a 5,8 bilhões de litros).
A razão é simples: com o preço do etanol hidratado competindo com um teto imposto por seu principal substituto (a gasolina), a produção deste recuou, abrindo espaço para aumento do etanol anidro (que é adicionado à gasolina).
Ao mesmo tempo, a renovação da área plantada ficou aquém do previsto, por conta das adversidades climáticas e pelas dificuldades financeiras dos produtores.
Por isso, ainda existem muitas lavouras com mais de dez cortes -quando o ideal é que a renovação ocorra após o quinto corte-, reduzindo o crescimento da produtividade por hectare.
Mas, para a safra 2012/13, há algumas boas novidades.
Em primeiro lugar, tivemos a concretização do livre acesso do etanol brasileiro ao mercado norte-americano, o que abre novas oportunidades para o setor.
Também as conclusões da COP-17 colocam o etanol como fonte alternativa limpa aos combustíveis fósseis, trazendo à mesa, mais uma vez, a consolidação do etanol como commodity no mercado internacional, a exemplo do que ocorreu com o açúcar.
Ainda assim, a produção brasileira precisaria avançar muito para atender esse potencial de demanda internacional, se tem encontrado dificuldades para suprir até a demanda doméstica.
Nesse quesito, a boa notícia é o Prorenova, novo programa do BNDES com recursos de R$ 4 bilhões, que visa incentivar a produção de cana por meio de financiamentos para a renovação dos canaviais antigos e para a ampliação da área plantada.
Apesar disso, grandes empresas do setor, como a Raízen, anunciaram a redução da previsão de crescimento para os próximos anos.
Ou seja, as perspectivas são um pouco melhores para o etanol em 2012, com aumento da safra e continuidade da renovação dos canaviais.
Mas, pensando no médio e longo prazos, ainda há um longo caminho a ser percorrido para que o setor possa aproveitar as oportunidades tanto no mercado doméstico quanto no externo.
Thaís Marzola Zara, economista-chefe da Rosenberg Consultores Associados e mestre em economia pela USP
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