A crescente utilização do gás natural no país torna ainda mais estratégica as ações ligadas à prospecção e ao transporte do combustível existente no Estado de Minas Gerais. A comprovação da viabilidade econômica do insumo encontrado na Bacia do Rio São Francisco, na região central, cujo volume é cinco vezes maior do que o previsto, e a construção de um gasoduto para Uberaba (Triângulo Mineiro) são as apostas do governo estadual para finalmente alcançar a desejada diversificação econômica do Estado.
"Com a construção do gasoduto para Uberaba, fomentaremos não somente a indústria química e de fertilizantes, mas diversos outros segmentos industriais que poderão aproveitar o gás natural em suas atividades. É uma enorme vantagem para a atração de empresas. Já as descobertas na Bacia do São Francisco vão tornar o Estado um fornecedor, atraindo empresas e proporcionando aos municípios envolvidos grande desenvolvimento econômico, com a chegada de investimentos e o fortalecimento de setores como comércio e serviços, até mesmo o de prospecção", avalia a secretária de Estado de Desenvolvimento Econômico, Dorothea Werneck.
Atento às oportunidades, o Executivo de Minas assume o papel de protagonista em todas as iniciativas. No caso do ramal do Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol) em Uberaba, as obras serão realizadas com recursos próprios da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), que controla a Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig), e irá demandar aportes de mais de R$ 750 milhões. Ao todo, serão 355 quilômetros de dutos, sendo 235 quilômetros de extensão de São Carlos (SP) até Uberaba e outros 110 quilômetros de Uberaba a Uberlândia.
O ramal até Uberaba foi projetado para atender à demanda da Petrobras, que vai construir no município uma fábrica de amônia e ureia, matéria-prima para a produção de fertilizantes. Somente para Uberaba, a demanda prevista é de 1,3 milhão de metros cúbicos de gás. Para o restante do Triângulo, a estimativa é de 1 milhão de metros cúbicos.
A previsão inicial seria de término das obras em 2014. No entanto, a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) barrou, em outubro, a construção de outro ramal que, partindo de Ribeirão Preto (SP), se ligaria ao duto de Uberaba. O "sinal vermelho" veio em virtude de problemas com a nomenclatura do duto durante o licenciamento. O projeto, sob responsabilidade da Gas Brasiliano Distribuidora S/A (GBD), subsidiária da Petrobras, prevê um ramal de 151 quilômetros entre Ribeirão Preto e o Estado. O empreendimento, que era considerado como um ramal de distribuição interestadual, na verdade teria que ter outra denominação: a de "interconexão de gasodutos".
No entanto, para evitar a paralisação do projeto, a Petrobras e a Cemig anunciaram, no início de fevereiro, um acordo de investimentos. O acerto foi assinado pela Petrobras Gás S/A (Gaspetro), controladora da Gas Brasiliano, e a Cemig. Com a parceria, 40% do controle acionário da GBD serão repassados para a estatal mineira. "Entre outras coisas, a consolidação desta parceria vai viabilizar a construção do ramal do gasoduto que permitirá a implantação da fábrica de amônia em Uberaba", afirmou na ocasião a secretária.
Surpresa
Já os resultados da prospecção de gás natural na Bacia do São Francisco, próximo ao município de Morada Nova de Minas, foram melhores do que o previsto. No início do mês, Dorothea Werneck informou que as jazidas da região têm como projeção mais pessimista depósitos capazes de fornecer até 40 milhões de metros cúbicos por dia, o suficiente para substituir, com sobra, o gás importado da Bolívia, por meio do Gasbol. Os consórcios e players detentores de blocos na região têm prazo de 18 meses para confirmar ao Executivo estadual a exata dimensão das jazidas do combustível na área.
Paralelamente, o Estado, através da Cemig, contratou a Gas Energy para desenvolver um plano diretor que vai direcionar a exploração comercial do combustível encontrado na região. O estudo será concluído e entregue nos próximos meses.
Fonte: Lidia Rezende
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