MÁRCIA DE CHIARA - O Estado de S.Paulo
Após a forte ascensão das classes D e E para C na última década, movimento semelhante de migração social já começa a se repetir da classe C para a B. Com renda familiar mensal entre R$ 2,2 mil e R$ 7 mil, nos próximos três anos a classe B deve ser o estrato social com maior potencial de consumo, ultrapassando a classe C. Em 2015, os 15,1 milhões domicílios de classe B terão R$ 753 bilhões para gastar, nas contas do Pyxis Ibope Inteligência.
Essa cifra vai responder por 41,7% do consumo total das famílias e superar a fatia da classe C, estimada em 36,6% ou R$ 660 bilhões em 2015. "A previsão é que a classe B assuma a liderança como a maior classe em potencial de consumo", afirma a diretora de Atendimento e Planejamento de Geonegócios do Ibope Inteligência, Márcia Sola.
Nos seus cálculos, ela considerou que a renda tenha um ganho real de 2% ao ano em 2012 e 2013 e de 1,5% ao ano em 2014 e 2015. Além disso, que a taxa de desemprego oscile entre 6% e 7%. As projeções foram feitas usando dados primários de pesquisas do IBGE, atualizados com informações de empresas e análises setoriais.
Apesar liderar o ranking das classes com maior potencial de consumo em 2015, a classe B deverá representar uma fatia bem menor de domicílios (27,8%) comparada com a classe C (52% ou 28,2 milhões). Márcia destaca que a maior parte (60%) do aumento do número de domicílios de classe B, de 3,1 milhões entre 2010 e 2015, se dará por ascensão social e o restante por crescimento vegetativo. "Já na classe C, os novos domicílios serão resultado do crescimento vegetativo, principalmente."
A "revolução do B", como é chamada pelos estudiosos do assunto, já começou, na opinião dos especialistas. "A classe C atingiu o ápice de importância no mercado consumidor", afirma Marcos Pazzini, diretor da IPC Marketing, consultoria especializada em mapear o consumo.
Ele observa que a classe B2, que é a porta de entrada para a classe B, respondeu no ano passado por 25% do consumo das famílias e em 2006 a sua fatia era de 20%. Por sua vez, a classe C1, que é a porta de saída desse estrato social para a classe B, reduziu a participação no consumo de 27,3%, em 2006, para 19%, em 2011.
"A explosão do consumo da classe B já começou", afirma o arquiteto Júlio Takano, sócio da empresa Kawahara Takano, especializada em arquitetura de varejo. Tanto é que ele tem sido procurado por várias redes varejistas em busca reformulações das lojas para atingir o consumidor de classe B. Takano conta que foi o responsável pelo projetos de criação da Artex, especializada roupas de cama, e de repaginação da Le Postiche, voltada para bolsas, malas e acessórios.
Ícones. Em estudos feitos para traçar o plano de reformulação das redes, Takano descobriu que essa camada social olha para preço, mas quer também ter acesso aos ícones de consumo. "Eles querem o 'pop do top ou o 'top do pop'", ilustra. O primeiro caso é aquele produto que leva uma marca desejada, mas que se tornou acessível, especialmente por causa do crediário. O segundo caso se refere a itens populares que passam por tratamento diferenciado no ponto de venda para ganhar glamour.
"Descobrimos nas pesquisas que o consumidor da classe B frequenta as lojas da rua 25 de Março (reduto de comércio popular) e também vai à Daslu (símbolo do luxo) em busca de promoções", revela Takano.
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