Diário de Pernambuco - PE
Quando o etanol voltará a custar menos de R$ 2? É o que todos os consumidores se perguntam diante das bombas de combustíveis. Desde abril do ano passado, o produto se mantém acima desse patamar. O mais curioso é que as usinas já estão praticando preços mais baratos que o do ano passado. Segundo levantamento da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), órgão ligado ao Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP), em fevereiro do ano passado, os produtores de Pernambuco vendiam etanol a R$ 1,1843. Agora, o etanol já sai das usinas do estado por R$ 1,0662.
De acordo com a pesquisa da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em fevereiro de 2011, o valor médio do combustível nos postos era de R$ 1,892. Ainda, de acordo com o mesmo levantamento, o valor médio cobrado pelas distribuidoras era de R$ 1,707. Agora, os postos estão comprando o álcool hidratado a R$ 1,812 e revendendo a R$ 2,095, em média. “Quando os preços sobem, todos colocam a culpa no produtor. Mas tem alguma coisa distorcida. Como pode o álcool sair mais barato da usina e ser vendido mais caro”, defende Renato Cunha, presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindacúçar-PE).
Frederico Aguiar, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Pernambuco (Sindicombustíveis), diz que está pagando mais pelo etanol que compra as distribuidoras. “Hoje, eu compro por R$ 1,917. Em fevereiro do ano passado, custava R$ 1,85”, declara. Para Míriam Bacchi, coordenadora de etanol da Esalq, houve um aumento das margens. “O que seria em parte justificável, diante dos aumentos de custos com salários, energia elétrica e frete. Mas não nessa magnitude”, argumenta.
Pela pesquisa da ANP, a margem dos postos cresceu de R$ 0,185 para R$ 0,283 por litro comercializado. “A margem ideal era R$ 0,30. A maioria vende abaixo disso”, defende o presidente do Sindicombustíveis-PE. O presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), Alísio Vaz, defende que o atual preço é o mais adequado para a carga tributária. “A margem das distribuidoras é de R$ 0,10. A média de preços do ano passado se deve a uma maior sonegação dos impostos. Com o aumento da fiscalização, o preço volta ao patamar realista, que infelizmente não é o valor mais desejável para o consumidor”, diz ele. Por litro, cerca de R$ 0,49 corresponde a ICMS (segundo a Secretaria da Fazenda de Pernambuco) e R$ 0,12 são relativos a PIS e Cofins (de acordo com Sindicom). Os tributos e o valor praticado pelas usinas somam R$ 1,67. A diferença para o preço médio das distribuidoras (R$ 1,812) é de R$ 0,15.
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