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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O que esperar do franchising em 2013?

O fraco desempenho da economia terá efeitos sobre as franquias? Em quais segmentos investir e quais as regiões mais atraentes para os negócios? As fusões e aquisições vão continuar? Como se preparar para uma eventual oferta? E o que os consumidores esperam? São muitos os questionamentos sobre o futuro do franchising no ano que se inicia.
O site Pequenas Empresas & Grandes Negócios ouviu Ricardo Camargo, presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF), Adir Ribeiro, fundador da Praxis Business, e a consultora empresarial Claudia Bittencourt para apontar as principais tendências do setor em 2013.

Expansão moderada
Por conta da economia morna, 2013 deve ser mais devagar para o setor de franchising no Brasil. A ABF calcula um crescimento de 15% para este ano, menos que os 16 % alcançados em 2012, quando o setor faturou R$ 104 bilhões. “Isso se o PIB crescer 3%, porque, se crescer menos...”, pondera Ricardo Camargo, diretor-executivo da entidade.

Mas a expansão menor não significa um cenário menos intenso. Como o aumento dos valores imobiliários arrefeceu, o número de unidades abertas deve aumentar 10%, enquanto o total de marcas atuando no mercado deve chegar a 2.200 até o fim de 2013.
Interiorização
O avanço rumo ao interior do Brasil não é novidade, mas deve seguir em 2013. Resultado da descentralização da economia e distribuição de renda em regiões mais pobres, o processo ganha força e mais franquias devem investir em cidades de médio porte do interior de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e nos estados da região do Sul.

Após o boom das capitais nordestinas, cidades do interior da Bahia e de Pernambuco também começam a atrair marcas. Em fronteiras agrícolas, a recuperação das safras no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul deve refletir no varejo. No Norte, destaque para Manaus (com dois shoppings para serem inaugurados) e o sul do Pará, onde cidades como Parauapebas e Marabá experimentam um desenvolvimento acelerado. A surpresa fica com Tocantins, estado mais novo do país que é um mercado pouquíssimo explorado pelo setor.

“No interior, há espaço para tipos de negócio que ainda não estão lá. Por isso, o franqueado tem que fazer uma pesquisa sobre o que já existe na cidade. O Boticário, por exemplo, está em grande parte das cidades do país”, afirma Camargo.

Áreas promissoras
Como de costume, segmentos tradicionais, como alimentação, vestuário, acessórios e calçados, continuarão como pilares do franchising. Mas o desenvolvimento no interior do Brasil impulsiona ainda mais segmentos relacionados ao turismo de negócios, com a abertura de novos hotéis e estabelecimentos indiretamente beneficiados.

Tudo que está relacionado à oferta de comodidade à população também deve crescer. Nisso, entram microfranquias que oferecem serviços domésticos, reforço escolar e cuidado de idosos. A presença maior de mulheres no mercado de trabalho e o consequente acesso à renda dão força para franquias da área de beleza. “Elas são responsáveis pela abertura de mais lojas da Água de Cheiro e L’acqua di Fiori”, diz Camargo. Outro destaque é a área da saúde, com o aumento de clínicas especializadas em odontologia e fisioterapia, como lembra Claudia Bittencourt.

Investimento externo
Bancos de investimento estão buscando diversificar seus portfólios. Com organização superior à de um negócio convencional, as franquias são atraentes para esses investidores, e o movimento deve se intensificar em 2013. Entretanto, Adir Ribeiro nota que ainda são poucos os franqueadores que têm rotinas mensais para calcular o valor de suas marcas – e se preparar para uma possível oferta. Entre os franqueados, a situação é ainda mais crítica.

"As pessoas estão abrindo franquia ainda com a ideia de que é só comprar e não precisa fazer mais nada", diz. "Todo empresário deveria abrir uma loja pensando no valor que ela vai ter futuramente, planejando uma aposentadoria, uma transição, etc."

Consolidação de redes
O processo de fusões e aquisições deve continuar, com redes maiores de um segmento comprando as menores e o surgimento de multifranqueadoras. O Grupo Multi, dono da Wizard e de outras escolas de idioma ou profissionalizantes, deve continuar à frente. Morana, Semenzato e Trigo são outros exemplos de conglomerados de marcas.

No entanto, no processo de compra e venda de uma rede, o franqueado precisa ter o mínimo de conhecimento sobre o que está ocorrendo. “Tem de haver um respeito e comunicar a rede antes de comunicar o mercado”, diz Ribeiro. Essa transparência vale também na negociação entre o interessado em abrir uma unidade e o detentor da marca. “O franqueado está cada vez mais informado sobre o sistema de franquias, o que faz com que franqueadores tenham um discurso mais honesto com seus clientes”, diz Claudia.

Internacionalização
Mais devagar, porém não menos importante, é o movimento de marcas brasileiras rumo ao mercado estrangeiro. Um dos fatores incentivadores é a desaceleração na subida do dólar. “Outro ponto é o fraco crescimento econômico do ano passado, um pouco decepcionante para algumas empresas, que estavam tranquilas com o mercado um pouco aquecido por aqui”, diz Camargo.

Nesse cenário, a América Latina é o mercado mais promissor para as redes brasileiras, com destaque para Colômbia, Chile, Peru e México, além de Paraguai e Bolívia – países mais pobres da região, mas totalmente inexplorados. Na sequência, a Ásia é outra região interessante, mas com uma situação logística complexa devido à logística e a forte concorrência de marcas chinesas e japonesas.

Canais
Apesar de haver uma certa desaceleração, os imóveis devem continuar se valorizando acima da inflação geral. Por isso, um desafio aos franqueadores é faturar mais em cada ponto de venda físico e criar alternativas. Nas lojas, atendentes devem realizar mais do que simplesmente tirar pedidos. Com a ascensão do comércio eletrônico, fazer com que o consumidor vá até uma unidade de concreto é uma tarefa que exige esforço. E isso passa pelo atendimento.

“Os franqueadores devem estar mais bem preparados para orientar sua rede sobre isso, o que implica melhores programas de capacitação e trabalhar no nível de conscientização do franqueado, pois um atendimento malfeito em uma unidade vai refletir em todo o resto”, diz Claudia.

“As franqueadoras precisam desenvolver formas de acessar os públicos”, afirma Ribeiro. Assim surgem modelos como a Love Brands, rede de lojas que contempla produtos de três marcas – Puket, Imaginarium e Balonè – para viabilizar a abertura de lojas em cidades de 50 mil a 200 mil habitantes. O Grupo Trigo também uniu as bandeiras Spoleto e Domino’s para entrar em municípios com menos de 100 mil habitantes.

No caso do e-commerce, uma possibilidade é remunerar franqueados a cada venda feita pela internet na região em que ele atua. Redes fora do Brasil já integraram canais, permitindo que os clientes comprem pela web e retirem o produto na loja mais próxima.

Fonte: Pequenas Empresas, Grandes Negócios

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