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quinta-feira, 12 de julho de 2012

O México de olho na Petrobras

O presidente eleito Enrique Peña Nieto,casado com a atriz Angelica Rivera, terá de discutir um tabu: a quebra do monopólio estatal da Pemex.

A vitória de Enrique Peña Nieto, um jovem de 45 anos de tradicional família de políticos, ex-governador do Estado do México e casado com uma atriz de novelas, Angelica Rivera, recoloca o Partido Revolucionário Institucional (PRI) na Presidência do México depois de uma janela de 12 anos, retomando um domínio que começou em 1929. O PRI retorna ao poder atendendo a um desejo de mudança, num momento em que a economia mexicana consolida a recuperação iniciada após a crise de 2008. Mas o partido mais tradicional do país também volta renovado num aspecto. Desde a nacionalização da Pemex, em 1938, e até pouco tempo atrás, era impensável sequer discutir o monopólio estatal do petróleo.

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Porém, a queda na produção, acompanhada pelo aumento dos preços no mercado internacional fizeram os mexicanos perceber que o capital privado podia aumentar a receita do petróleo – historicamente, 40% do orçamento federal são provenientes da Pemex, que é administrada não como uma empresa, mas como se fosse um ministério, sem autonomia ou receita própria. O México parece pronto para mudanças e o modelo apontado por dez entre dez especialistas é o da Petrobras. Não o da Petrobras do pré-sal, que com sua participação onipresente pode engessar o mercado, mas a Petrobras atual, que tem um orçamento independente do governo, investe bilhões de dólares todos os anos em novos campos, e apesar da dificuldade em cumprir a meta, vem aumentando sua produção a cada ano.
E, embora seja dominante, não está sozinha no mercado brasileiro, que pode ser explorado por empresas privadas. Enquanto isso, a Pemex, 100% estatal, viu sua produção despencar. Na última década, a produção diária caiu de 3,5 milhões de barris para 2,5 milhões. Muitos poços já esgotaram suas reservas mais superficiais, e precisam de mais investimentos para voltar a produzir. Com reservas no pré-sal, o país também precisa de novas tecnologias e aí a Pemex pode se aliar à Petrobras. A presidenta Dilma Rousseff quer uma aproximação entre as duas empresas para atuação conjunta em outros países.
Se o México decidir mesmo enfrentar o sentimento nacionalista e acabar com o monopólio estatal, não vai faltar interesse das empresas estrangeiras. A começar pelas americanas, já que o México é um dos três principais fornecedores de petróleo para o país. Atrasados em relação ao Brasil quanto à gestão do petróleo, os mexicanos já tomaram a dianteira no que se refere ao crescimento econômico e podem se tornar sérios concorrentes na atração de investimento estrangeiro. Durante a reunião do G-20, realizada na cidade de Los Cabos, no litoral mexicano, na terceira semana de junho, não foram poucas as análises publicadas na imprensa e em relatórios de bancos e consultorias comparando os dois países.
Com um certo exagero, é verdade, lembravam que o México deverá crescer o dobro do Brasil neste ano. Entre os motivos, estaria a recuperação de seu status de fornecedor privilegiado dos Estados Unidos, substituindo parte das importações made in China – que, ironicamente sofreram aumentos de custos e perderam competitividade para a produção local. Enfim, depois de sofrer as conseqüências da crise de 2008, com uma recessão de 6,2% em 2009, o país já se recuperou plenamente, com expansão de 5,5% em 2010, 4% no ano passado e previsão de repetir esste resultado neste ano. Pelo jeito, no momento, o México já pode aspirar a ser a bola da vez, na América Latina.

por Denize Bacoccina

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