Por
pressão das indústrias, o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB),
engavetou decreto que seria assinado na Rio+20 determinando metas de corte de
emissões de carbono no setor. O plano vinha sendo costurado havia mais de dois
anos pelas secretarias de Meio Ambiente e de Energia. Prevê redução de 13% do
teor de gás dos processos industriais até 2030.
Para
isso, seria implementado no Estado do Rio um esquema conhecido como "cap and
trade", pelo qual o governo distribui certificados de redução de emissões entre
as empresas. Num primeiro momento, os certificados seriam gratuitos; depois,
comercializados entre empresas que cumpriram a meta com folga e as que não
cumpriram. A
Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) não gostou da
ideia. Seu presidente, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, escreveu a Cabral
reclamando dos critérios de distribuição dos certificados. O
governador anfitrião da Rio+20 decidiu não assinar o decreto por enquanto. A
Firjan patrocina um dos maiores eventos paralelos à Rio+20, o
Humanidade.
O
secretário de Meio Ambiente do Rio, Carlos Minc, minimizou a decisão de Cabral.
"O decreto vai ser assinado daqui a 15 ou 20 dias, assim que resolvermos a
questão dos critérios", disse. Minc,
porém, disse: "Na hora de fazer stand de sustentabilidade eles puxam pelo
pessoal mais avançado do setor. Na hora de soprar no ouvido do governador, é
pelo pessoal mais atrasado".
"NINGUÉM
DISCORDA"
Eduardo
Eugênio, disse que faltou diálogo. "Ninguém discorda de reduzir emissão, só que
não pode ser horizontal. Tem que ser uma proposta para cada setor
industrial." Para
convencer o governo a suspender a proposta, a Firjan apresentou um estudo que
apontou as mitigações ambientais possíveis a cada setor: siderúrgico, químico,
cerâmico, cimento, refino de petróleo (Petrobras) e
outros. Os
detalhes não foram passados pela federação. No levantamento, feito pela UFRJ, o
setor siderúrgico foi apontado como o maior responsável pelas emissões de
CO2 no Estado. Em 2030, as empresas emitirão 55 milhões de toneladas
do poluente.
"Nós
achamos importante reduzir emissões, mas tem que apontar como fazer e o
percentual que cada setor pode alcançar", disse Gouvêa Vieira. "Queremos
negociar, mas para funcionar metas e manter as
empresas."
Fonte:
Claudio Angelo e Venceslau Borlina Filho, Folha de S.Paulo/Sindcomb
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